O que tenho a
dizer não é um ensinamento espiritual. Não é algo que o conduzirá a uma
transcendência, a uma transformação ou a uma fuga da vida humana comum. Não é
algo que vai torná-lo iluminado. Você já é
iluminado. Não é algo que lhe dará um meio de fugir da sua vida. Não é algo que
tornará todas as experiências da sua vida tranquilas e fáceis. Não é algo que o
livrará dos comportamentos condicionados, reações, relacionamentos e opiniões
sobre as coisas acumulados com o tempo.
Mas o que eu
tenho a oferecer é algo que, com certeza,
mais cedo ou mais tarde, o livrará dessa sensação subjacente de que a vida
humana é, de certo modo, inerentemente errada, insatisfatória e perigosa. Eu
prometo. Esta ação o livrará da ideia de que você precisa manter-se sempre
alerta, vigiando os pensamentos, as sensações, os relacionamentos e ideias que
vão e vêm dentro de você, para que você não tenha as ideias erradas, os
relacionamentos errados, ou os desejos e aversões erradas. Todas essas coisas
são efeitos. Elas fazem parte
do aparato que foi criado para protegê-lo daquilo que não pode fazer-lhe mal
algum: a sua vida.
Não há nada de
espiritual no que eu proponho. Eu falo só de você,
sempre só de você. Do jeito que
você é, neste exato momento. Não falo do aparato da sua vida, da história da
sua vida, das expectativas, desejos e aversões da sua vida; falo de você, em
quem todas essas coisas vão e vêm.
O objetivo desta
ação repetitiva de olhar para si mesmo não é livrá-lo da sua vida. O objetivo é
livrá-lo da ideia de que a vida está errada e precisa ser consertada, que ela
precisa mudar. E este objetivo não será alcançado através da aquisição de um
novo nível de entendimento dessas coisas, de modo que você possa concordar
comigo e dizer: “Sim, entendi. Agora entendi, agora está tudo bem.” Esta ação
não lhe dará isso. E se der, isso não o ajudará de maneira alguma.
A ação simples de
tentar olhar para si mesmo (o seu cerne, a sua essência, isso que está sempre
presente, que não muda nunca) põe toda a energia do aparato que evoluiu para
protegê-lo em contato direto
com o que ele está supostamente protegendo. Esse contato direto destrói, em sua
totalidade, a suposição que deu forma ao próprio aparato. E isso acontece não
através de uma compreensão nova, mas da mesma maneira que um fósforo aceso,
quando mergulhado na água, se apaga. Não porque o fósforo agora compreende que
foi mergulhado na água, mas porque ele simplesmente se apaga.
John Sherman em Santa Monica , Califórnia em 28 de março de 2010
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