Darryl Bailey - Realização


Mesmo as mais extremas declarações espirituais são fáceis de compreender. Frases como “não existe self” ou “só existe Deus”, são simples descrições de sua vida comum e cotidiana. Compreender essas afirmações não requer crença cega ou um novo aprendizado ou trinta anos para se adquirir. Você simplesmente precisa se dar conta da experiência de vida que você já tem. A maioria das pessoas não se dá conta, de um modo claro, o que é ou o que tem sido sua experiência de vida.

Esse dar-se conta não significa chegar a uma nova idéia ou descrição. Não é sobre um foco em pensamentos novos e complicados. Ele é um simples reconhecimento de algo que já sabemos. Ele é sobre realizar a mutante e tocante vitalidade que é esse momento.

O acontecimento básico desse momento é um evento que se move, que muda, que dança, apresentando a si mesmo. Mesmo se não o chamarmos por nenhum nome – se não tentarmos fazer isso – ele ainda assim acontece.

Você não tem a impressão de que surgiu do útero pensando, “Oh, existe mamãe e existe o médico e eu simplesmente acabei de nascer e mal posso esperar para ganhar um biscoito”. Todos sabemos que leva anos para aprender os diversos rótulos da existência e eventualmente juntá-los em um enredo.

Mas palavras não têm qualquer significado intrínseco. Elas são apenas sons, ou símbolos, que apontam para as várias porções da vida que está acontecendo. Uma porção é chamada cadeira, outra de corpo, e ainda outra de consciência.

Em diferentes países, com diferentes línguas, elas são sons diferentes. Se todos concordarmos, os sons podiam facilmente ser “blix”, “floot” e “wozzle”.

Se falo a você de cadeiras, corpos e consciência, você tem a impressão de entender a existência, mas se falo a você de blix, floot e wozzle, isso é giberish; isso não tem nenhum sentido. O ponto é: palavras como cadeira, corpo e consciência também são giberish; elas não têm nenhum sentido básico.

Também é óbvio que a vida não tem forma. Tudo está mudando. Seja um corpo, um pensamento, um humor, uma situação, um relacionamento, uma carreira, etc., tudo está mudando. Átomos, cadeiras, planetas, galáxias – não importa o que seja – tudo tem um aparente começo, maturação e fim. Mesmo o senso de existir desaparece toda noite. Todas as formas que parecem existir estão se movendo para outra aparência. O que existe não tem nenhuma forma.

Peça a um bebê recém nascido para descrever a existência, ou para explicar porque ele está fazendo o que está fazendo e não se obterá nenhuma resposta. Não há nenhum enredo, nenhuma estória. Ninguém está fazendo os acontecimentos. Tudo é um evento fluindo em corrente, sem forma, pulsante, vibrante. Isso é tudo.

Não importa o quanto você pense que tenha criado esse evento básico, você não o fez. Não importa quantos sons sem sentido se prendam a ilusões de forma, todos são sem forma e fora de qualquer explicação. Você pode chamar isso de não-eu, ou Deus, ou o que seja. Palavras não são importantes.

Sem formas e rótulos o que sobra para questionar? Onde existe um ‘você’ para descrever? Há apenas uma dança sem forma e inexplicável se apresentando.

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