Mesmo
as mais extremas declarações espirituais são fáceis de compreender. Frases como
“não existe self” ou “só existe Deus”, são simples descrições de sua vida comum
e cotidiana. Compreender essas afirmações não requer crença cega ou um novo
aprendizado ou trinta anos para se adquirir. Você simplesmente precisa se dar
conta da experiência de vida que você já tem. A maioria das pessoas não se dá
conta, de um modo claro, o que é ou o que tem sido sua experiência de vida.
Esse
dar-se conta não significa chegar a uma nova idéia ou descrição. Não é sobre um
foco em pensamentos novos e complicados. Ele é um simples reconhecimento de
algo que já sabemos. Ele é sobre realizar a mutante e tocante vitalidade que é
esse momento.
O
acontecimento básico desse momento é um evento que se move, que muda, que
dança, apresentando a si mesmo. Mesmo se não o chamarmos por nenhum nome – se
não tentarmos fazer isso – ele ainda assim acontece.
Você
não tem a impressão de que surgiu do útero pensando, “Oh, existe mamãe e existe
o médico e eu simplesmente acabei de nascer e mal posso esperar para ganhar um
biscoito”. Todos sabemos que leva anos para aprender os diversos rótulos da
existência e eventualmente juntá-los em um enredo.
Mas
palavras não têm qualquer significado intrínseco. Elas são apenas sons, ou
símbolos, que apontam para as várias porções da vida que está acontecendo. Uma porção
é chamada cadeira, outra de corpo, e ainda outra de consciência.
Em
diferentes países, com diferentes línguas, elas são sons diferentes. Se todos
concordarmos, os sons podiam facilmente ser “blix”, “floot” e “wozzle”.
Se
falo a você de cadeiras, corpos e consciência, você tem a impressão de entender
a existência, mas se falo a você de blix, floot e wozzle, isso é giberish; isso
não tem nenhum sentido. O ponto é: palavras como cadeira, corpo e consciência
também são giberish; elas não têm nenhum sentido básico.
Também
é óbvio que a vida não tem forma. Tudo está mudando. Seja um corpo, um
pensamento, um humor, uma situação, um relacionamento, uma carreira, etc., tudo
está mudando. Átomos, cadeiras, planetas, galáxias – não importa o que seja –
tudo tem um aparente começo, maturação e fim. Mesmo o senso de existir
desaparece toda noite. Todas as formas que parecem existir estão se movendo
para outra aparência. O que existe não tem nenhuma forma.
Peça
a um bebê recém nascido para descrever a existência, ou para explicar porque
ele está fazendo o que está fazendo e não se obterá nenhuma resposta. Não há
nenhum enredo, nenhuma estória. Ninguém está fazendo os acontecimentos. Tudo é
um evento fluindo em corrente, sem forma, pulsante, vibrante. Isso é tudo.
Não
importa o quanto você pense que tenha criado esse evento básico, você não o
fez. Não importa quantos sons sem sentido se prendam a ilusões de forma, todos
são sem forma e fora de qualquer explicação. Você pode chamar isso de não-eu,
ou Deus, ou o que seja. Palavras não são importantes.
Sem
formas e rótulos o que sobra para questionar? Onde existe um ‘você’ para
descrever? Há apenas uma dança sem forma e inexplicável se apresentando.
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