Pensamentos,
sentimentos e experiências continuarão a rodopiar através da consciência
enquanto houver um corpo presente e intacto. Da perspectiva da consciência
não-conceptual (a tua natureza inata), a manifestação das aparências é
inconsequente, tal como o céu mantém-se imperturbado pelas nuvens que passam
por ele. As nuvens não conseguem aparecer sem o céu, nem conseguem grudar-se a
ele ou alterá-lo de alguma forma.
Os
pensamentos e sentimentos são inteiramente não pessoais. Habitualmente, a mente
associa as aparências a um "eu", a uma pessoa que está presente para
as possuir. Esta é a aparente prisão, que consiste em reportar as coisas a um
"eu" separado. Mas na busca por este "eu", tu vês que não
existe de todo semelhante presença. Então, existem apenas pensamentos, não os
"meus" pensamentos; apenas sentimentos, não os "meus"
sentimentos. É apenas o "eu" que sofre; mas isso apenas ocorre
enquanto se assume o "eu" como estando presente.
Sob
observação, onde está esta entidade? Está em parte nenhuma. Nunca esteve
presente, exceto como uma suposição. Não existe nenhum ser presente para sofrer
as identificações e os problemas que a mente impingiu nesta entidade
imaginária. Tudo o que existe é a consciência-presença radiante que ilumina
todas as aparências e possibilidades. Essas aparências são somente expressões
da consciência-presença una, não-conceptual, sempre fresca. Apenas isto existe,
nada mais.
As
decisões estão a acontecer, claro, tal como os pensamentos estão a surgir. Tudo
isso está bem. Ver acontece; pensar acontece. Então a mente diz, "eu"
estou a ver/pensar. Mas esse "eu" é apenas um conceito colado depois
do fato. Esse conceito não consegue ver o que quer que seja. A consciência está
a ver, a pensar, a sentir, etc. A noção de que alguém executa essas coisas é na
verdade falsa, porque você, de fato, não sabe qual será o próximo pensamento ou
como qualquer acontecimento se vai desenrolar.
Além
disso, "você" não está definitivamente a criar os pensamentos. Mas
isto não é realmente assim tão importante, e parece que está apenas a provocar
pensamentos desnecessários. Eu sugiro largares toda a conceitualização! Tu és.
Descobre isso. Isso é tudo o que interessa. Os pensamentos vêm e vão. Eles não
são a essência onde resides. Então o que é que você é? Você não pode negar o teu
ser. Se os indicadores contribuem para este ponto essencial, tudo bem. Se eles
acabam por provocar mais pensamentos, larga-os. Todos os indicadores são falsos
e imperfeitos. Eles são apenas encorajamentos para conheceres a tua verdadeira
natureza. Larga tudo o resto e estabelece-te nisso.
Deixa
os pensamentos e aparências surgir ou não surgir. Não faz nenhuma diferença
para a tua verdadeira natureza. Aparências são apenas aparências da tua
presença, tal como as nuvens são realmente manifestações do próprio céu. Nesta
visão, tudo regressa ao uno. Esse uno dissolve-se em ti próprio, e tudo está
completo. Nada poderá alguma vez abalar o que tu és inatamente. Isso é vazio e
ausência puras, as quais estão sempre presentes e plenas com a luz do
conhecimento não-conceptual que está para além da mente.
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